quinta-feira, 21 de maio de 2009

A PALAVRA

Há muito tempo que a palavra dança entre todos nós. Original do grego, emprestada para o latim, transformada para o Português, passada de mãos em mãos entre os escritores canônicos da nossa literatura. Desfila pelas linhas, sem deixar de visitar, vez ou outra, as entrelinhas. Se “arraaaaasta” nos textos mais difíceis, se enfeita nas poesias, se transforma em confiança quando dada a alguém, se apresenta técnica nos manuais, sonora na fala, brincalhona nas piadas, faminta nas receitas, e até ilusória em nossos sonhos. E agora, como que se quisesse dar uma pausa e brincar, me olha e pede para ser usada na crônica.
Como posso eu, uma aprendiz de escritora, ainda no auge dos meus vinte e tantos, estudante de professora, fazer uso desses pequenos conjuntos de morfemas, que, posto unidos, criam mundos, voando tão mais longe de onde já pude pensar em chegar? De que forma me permito organizá-las em orações e parágrafos, e dizer o que penso e o que bem entendo?
Não. De maneira alguma, ousaria uma quebra de braços com tamanha força de uma “parabolé”, como é chamada pelos gregos. Se elas aparecem, merecem minha atenção e meu trabalho.
Quão feliz seria, se tomasse as palavras por amigas e tivesse a companhia de todas elas quando anseio por me expressar mais e melhor. Isso sem comentar quando todas resolvem me faltar. “Ficar sem palavras”, quase nunca é bom, me perco na claridade do papel e na imensidão de pensamentos que não consigo traduzir nas ditas palavras.
Tenho medo dessas “donas da língua”. Nem me lembro quantas vezes já tentei escrever e, por conta de uma palavra errada, mal usada, mal colocada, ou sem as vírgulas para que elas pudessem descansar, tive como prêmio a temida revisão e ter que refazer, começar tudo de novo.
Portanto, hoje, quando as palavras me pedem para ser colocadas numa crônica, sinto um gelo na barriga e pavor dessa coisinha tão pequena em fonte 11. Porém, mesmo assim, já que apaixonada por todas sou, ouso tocá-las e mudá-las ao meu bel prazer.
A palavra. Escrita, falada ou cantada é sempre o começo de uma grande idéia.
Ou não!

2 comentários:

  1. Ficou demais de boa essa crônica Lú, ainda bem que eu não li antes de entregar a minha rsrs

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  2. "Ai palavras, ai palavras... Que estranha força a vossa!"



    Beijos super vermelhos...


    Mi e ChicO, empalavrados, encantados, embevecidos, enfim... Empoemados!

    Obrigado(a)o por qualquer palavra bendita!!! Palavra bendita!

    Bendita sejam as palavras!


    Amém por isso!!

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