quinta-feira, 30 de abril de 2009

Pré-enchida

Estou pré-enchida.
Por todo meu ser, pode-se ver esse líquido
que banha e derrama e transborda.
Mal posso esperar para sentir, cheirar e beber tal fluido.
Me derramo e me derreto de tanto pré-enchimento.
Mas se pré-enchida estou, de onde vem tamanha inexatidão?
Onde busco explicação, manual e regras?
Como esvazio-me?
Como querer o vazio quando sinto-me tão completa?
Será falta do que pensar?
do que comer?
de como pagar?
Pagar pelos erros e pelos acertos.
E só me lembro de quando derrapei.
Elogios e bajulações não servem-me, não cabem,
não combinam, não se ajustam.
Se pré-enchida estou, como arregaçar a língua e falar e ter dentes à amostra?
Se pré-enchida sou, como ser o contrário?
O avesso do inverso do lado qualquer?
Erguei-vos os olhos, eretem-se, mostrem-se!
O que me falta.
O que nunca tive.
Coragem.
Atitude.
Arrependei-vos credes em quem, em quê?
Desculpar-se!
Des-culpar-se!
Que razão tirar a falta?
Prefiro culpar-me.
Ocupar-me disso e daquilo.
Estar no meio, por todos os lados.
Escondida.
Despida.
Minha despedida.
Des-pedida.
Nada quero,
não mais me vejo.
E estava completamente pré-enchida.
Pré.
Precoce.
Se coce.
Se exponha.
Se mostre.
Se encha.
Derrame-se.
Junte-se.
Abuse-se.
Costure-se.
Depure-se.
E ao final, (sempre sinalize o final)
Despeça-se.
Adeus!