segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A arte de Ensinar

Para você faço uso do meu melhor português.
Descobri vocabulários metafóricos, sinonímicos,
desconstruí todas minhas convicções gramaticais.
A forma com que você me olha é quase uma pergunta retórica.
Tão óbvio e sóbrio e direto.
Desejava sua caligrafia sendo desenhada em meu corpo cru, numa noite calada sem explicações.
Mas como calar frente aos sentimentos?
Talvez se soubesse fazer melhor uso da pragmática...
Mas não!
Sempre lançando mão de uma análise mais sintática de seus gestos.
De cada movimento que seus dedos esboçam folhando um livro, rabiscando o giz.
Essa face enigmática, algo quase vinda da realeza,
ilumina a sala e os corredores dessa minha paixão abafada.
Sua linguagem clara me desconserta e com uma quase estupidez, não te alcanço.
E de relance me imagino na sua imaginação.
Vivendo o doce encontro de nossas almas,
envoltas em papel e grafite.
Rabisco as linhas tortuosas que me levam para perto de você.
E ainda paro a me perguntar: "Será que todas minhas redundâncias te alegram?"
"Ou será que a minha tolice romântica me custará um zero?"
Ah, sua arte de ensinar me pegou desprevenida.
E agora enlouqueço,
te esqueço,
ou te beijo?
Ainda há tanto por escrever.
Tanto por aprender.
E ensinar.