quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Um Pouco de Mim por Mim Mesma

Estou pensando em cortar o cabelo.
Detestando a cor nova que ele tomou.
Querendo jogar fora o que agora não é parte de mim.
Usando a navalha como uma arma que arrebata o que não quero mais ver.

Estou pensando em cortar o cabelo e roubar a imagem alegre de outrora.
Estou tentando encontrar em mim o que é impensavelmente proibido.
Se EU fosse eu, eu me cortaria.
Me despedaçaria em pedacinhos tão minguantes que nunca mais alguém os juntariam.
E diante de tantos eus, vislumbro o egoismo mais latente que há em meu mísero ser.
Hoje eu me desgosto com um desgostar rasgante.
Me imagino como a prostituta da Montanha,
tão bela, tão suja, tão ela!

Eu não mereço ser genial.
Não almejo ser ímpar.
Quero estar entre os hiatos.
Separada.
Sozinha.
Silenciosa.

Eu não peço favores.
Não acho justo delegar aos outros o que cabe a mim conquistar.
Não tolero o sentimento de culpa, nem mesmo a superioridade exposta de alguns.

Eu comigo mesma me entendo perfeitamente.
Me questiono constantemente
Me respeito diariamente.
Eu comigo mesma me tropeço vez ou outra.
Me atropelo na virada de algumas páginas.
Nem sempre penso.
Impulsivamente ajo.
Não tenho medo do perdão, nem da falta dele.

Me basto.
Me aturo.
Me detesto.
E acima de tudo, convivo comigo.
Estando feia, suja ou damamente arrumada.
Com cabelos de fios longos, breves, ou brancos.
Com a cara que me deram, com o humor que me cabe agora.

Estou pensando em cortar o cabelo, mas não sei como cortar.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Loucura em Cor Pastel

Era tarde da noite. Ela já tinha bebido demais, estava em um estado de não aguentar mais o cheiro daquelas bebidas verde, azul, laranja...
Andava sem se sustentar no salto, puxava a saia pra baixo, passo a passo. E sem conseguir manter o comprimento, puxava a saia pra cima, esquina por esquina. Andou por várias quadras, treinando o que dizer quando a hora chegasse. Andou tanto que estava de volta ao bar, bebendo mais um líquido de cor pastel. Sabe-se lá o nome daquilo. Nem seu nome lembrava. Só o dela que ia e vinha, seguindo o rítmo de seu discernimento.

Depois de duas doses, andou. Andou mais firmemente. Parou em frente ao portão medieval do cemitério e como se estivesse se jogando de um precipício, ligou.
Do outro lado da linha ela atende com voz de sonho. Desse lado da linha a outra responde com pesadelo.

"Me desculpe. Eu te acordei. Amanhã, se eu lembrar disso, vou me arrepender por todas as doses que tomei. Mas como hoje ainda é hoje: Eu estou completamente apaixonada por você!
Não responda nada, na verdade nem queria que você se mexesse agora. Só queria ouvir sua respiração ao pé do ouvido. Me desculpe por te acordar, mas não me mate por sentir o inaceitável."

"Quem tá falando? Você bebeu?"

"Bebi. Bebi tanto que nem sei quem tá falando. Deve ser a loucura em cor pastel que me pegou de surpresa e agora confessa absurdos pra você. Obrigada por me ouvir. Boa noite."

No dia seguinte, ela acordou com a boca seca e a descrença em sua memória. Não era possível que ela tivesse cometido enfim a heresia da confissão. Olha a hora no celular e...uma mensagem.

"Você estava bebada? Pensei ter escutado aquilo tão sobriamente... Obrigada por me acordar."

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Saudades dessa Mulher

O vício de ouvir sua voz agora me pega pelas pernas.
Queria eu poder ter os momentos todos que te afoga em vinho.
Poderia eu te amar ainda mais que ousa minha coragem?

Saudades de tudo o que abraça seu nome.
Saudades de te ver sorrindo ao longe e te ver passar de perto.

Sua presença enche minhas veias de vida.
Seu cheiro ardente me faz cometer suicídios todos os dias.
Morro e vivo pra te ouvir.
E cada vez que me ignora, a solidão me sequestra.

Como ser sem você?
Em qual canto vou me encantar com seu tom aos ouvidos?

Saudades dessa mulher que me fascina.
Saudades dessa mulher....
Apenas aquela mulher que me faz perder o juízo.

Busco seu corpo em minha cama.
Devoro cada pedaço latente, ardente, escondido.
e logo você que só tem olhos pra outros.
tantos outros...
todos os outros....

Maldita entre as mulheres
Escolhi sentir falta de quem a falta não sente.
Daquela que tem a quem se virar,
da que a decência não faz parte.

Escolhi sentir saudades de você.
Saudades dessa mulher!

sábado, 7 de janeiro de 2012

Quer Emagracer?

Salão de beleza é uma onda.
Todo mundo fica sabendo da vida de todo mundo.
E quantas vezes eu ouvi falsamente: "Nossa como você ficou bonita!"
Mas nesse fim de ano eu ouvi uma que não me aguentei.

A manicure conta pra cliente que passou muito mal no Natal.
Comeu uma carne ruim lá que fez ela se arrepender até à cutícula.
Ela só sabe que no dia seguinte, ela não saía do banheiro.

"Menina, me deu uma caganeira... Pensei que eu ia morrer! Não tinha mais nada pra sair, e continuava saindo coisa daqui de dentro!"

E continuou com mais alguns detalhes. E eu ouvindo tudo o que o secador deixava.

"Sabe quando dá aquela dor que contorce a barriga da gente? Então, era dessas que me deu."

E eu achando que já tinha ouvido o pior, vira a cliente e solta:

"Ah, mas é bom. Emagrece. Eu é que queria uma caganeira agorinha. Passava a virada 5 quilos mais magra!"

Então, Feliz Caganeira para todos nós!!