quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Loucura em Cor Pastel

Era tarde da noite. Ela já tinha bebido demais, estava em um estado de não aguentar mais o cheiro daquelas bebidas verde, azul, laranja...
Andava sem se sustentar no salto, puxava a saia pra baixo, passo a passo. E sem conseguir manter o comprimento, puxava a saia pra cima, esquina por esquina. Andou por várias quadras, treinando o que dizer quando a hora chegasse. Andou tanto que estava de volta ao bar, bebendo mais um líquido de cor pastel. Sabe-se lá o nome daquilo. Nem seu nome lembrava. Só o dela que ia e vinha, seguindo o rítmo de seu discernimento.

Depois de duas doses, andou. Andou mais firmemente. Parou em frente ao portão medieval do cemitério e como se estivesse se jogando de um precipício, ligou.
Do outro lado da linha ela atende com voz de sonho. Desse lado da linha a outra responde com pesadelo.

"Me desculpe. Eu te acordei. Amanhã, se eu lembrar disso, vou me arrepender por todas as doses que tomei. Mas como hoje ainda é hoje: Eu estou completamente apaixonada por você!
Não responda nada, na verdade nem queria que você se mexesse agora. Só queria ouvir sua respiração ao pé do ouvido. Me desculpe por te acordar, mas não me mate por sentir o inaceitável."

"Quem tá falando? Você bebeu?"

"Bebi. Bebi tanto que nem sei quem tá falando. Deve ser a loucura em cor pastel que me pegou de surpresa e agora confessa absurdos pra você. Obrigada por me ouvir. Boa noite."

No dia seguinte, ela acordou com a boca seca e a descrença em sua memória. Não era possível que ela tivesse cometido enfim a heresia da confissão. Olha a hora no celular e...uma mensagem.

"Você estava bebada? Pensei ter escutado aquilo tão sobriamente... Obrigada por me acordar."

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