quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Preconceito Linguístico

Me desculpem os que já me ouviram falar sobre esse assunto inúmeras vezes. Já falei sobre isso, inclusive, na Mostra Acadêmica da Unimep. Eu sei disso. Sei que deve cansar, sei que deve levar à exaustão. Mas que remédio? Se tenho que falar, já que nada muda nunca.
Primeiramente, estou cansada de ouvir as pessoas que não moram em Piracicaba dar um risinho toda vez que falo "porta, carta, normal". Que saco! Meu R é retroflexo mesmo, e daí? E fico me perguntando: "Quantos dos risonhos aí, sabem o que siginifica - retroflexo?" Bem poucos, acredito!
Depois, odeio, mas odeio de verdade quando um sulista tenta imitar os baianos, pernambucanos, nordestinos enfim. Que por sinal, para vários sulistas, todo nordestino é baiano. Quanta falta de geografia!! Deus que me perdoe! Sem citar a imitação barata dos gaúchos, como se eles só falassem "Mas bah." Aff.
Seguindo em frente. Devo mesmo ter me transformado numa ativista do combate ao preconceito linguístico. É que me enerva profundamente, além de tudo isso já dito, quando uma pessoa sai de sua cidade natal, vai para outra, que faz uso de outro dialeto e acaba por "pegar" (se é que se pega isso), o sotaque alheio. Quando isso ocorre, vejam só o que acontece... Os "donos" do sotaque dizem que esse intruso está forçando a barra. Que mané barra, seu mané? O contato direto com outra variante, faz com que esse outro falante tente ser aceito pelo grupo. E muitas vezes isso é um processo inconsciente. Está tudo nas teorias Linguísticas. E eu falo "oxi" mesmo. Falo quantas vezes quiser.
Enfim, eu gostaria de pedir encarecidamente para esses que não se dão ao trabalho de analisar coisa nenhuma, que antes de imitar, criticar e ridicularizar a língua, linguagem e trejeitos do outro, que olhem para seu umbigo antes. Você por acaso conhece sua própria língua? Sim, porque se você não conhece aquilo que mais usa durante o dia, então meu caro cidadão, eu só tenho uma coisinha pra te dizer: "Cala a boca e vai ler um pouco, vai!"

8 comentários:

  1. Falantes do Esperanto sofrem continuamente preconceitos linguísticos. De linguístas e professores universitários principalmente. Isto tudo ois Chonsky disse que uma língua tem que ter uma Cultura por trás. Como se o Esperanto não tivesse cultura. Outros dizem que não é uma língua "Natural", ou seja la o que for uma língua "Natural", afinal todas são frutos da mente humana. Será que existe alguam língua que não veio da mente Humana? Quem sabe uma língua Divina?
    Sofremos preconceitos também da grande massa, que acha que o Esperanto é uma língua morta. Hoje é a 16 língua mais usada na Web com milhões de falantes espalhados por mais de 150 países, uso diariamente no facebook com mais de 500 amigos. Acho que sou um fantasma portanto! hehe :-)

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  2. Talvez a divulgação do Esperanto ainda seja muito restrita.
    Eu sou uma pessoa que estuda as línguas com muita frequência, e vou ser sincera, antes de conhecer você, Guilherme, pouca informação eu tinha sobre o assunto. Pode até ser, admito, que EU não tenha procurado me informar, mas a impressão que eu tenho, posso estar completamente errada, é que se trata de uma língua para uso de um grupo muito fechado.
    Que bom que eu tive a chanc de aprender mais a respeito. Esqpero que outros também possam.

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  3. Olá, Lu! Tive e tenho a chance de conviver com muitos sotaques: resumidamente: nasci em Recife, mas me criei em Brasília; morei no Rio e hoje estou em Aracaju. Para incrementar, sou geólogo e já fiz trabalhos em muitos interiores, o que inclui muitas cidades de Goiás e Minas, além de algumas de Mato Grosso e Alagoas. E, para variar, ainda adoro viajar: além de conhecer muitos lugares, tenho muitos amigos das mais diversas origens. Isso me tornou um apaixonado por sotaques. E me divirto com muitos - e não só com os sotaques, mas também com as expressões e o vocabulário. Eu acho que temos que compreender quando um sotaque causa espanto. O problema é quando os ouvintes reagem desdenhando. Isso é mal, e não nos deveria irritar, mas nos dar pena, pois mostra quão pequenos são. Eu nunca vou deixar de brincar com meus amigos paulistas (que são muitos) por causa do erre retroflexo (valeu, eu não conhecia o termo!). Costumo dizer que a estação do metrô carioca mais querida desses paulistas é a Cardeal Arco Verde (por causa do "r" em todas as palavras) e sempre peço pra falarem: aperta o interruptor perto da porta. Mas a aborgadem é diferente - não é para denegrir ou diminuir. Meus amigos cariocas não me escapam no "feisssta", "meisssmo" - e eles são mais numeroros que os paulistas. O bacana disso tudo é reconhecer a riqueza de sotaques e de maneiras, é ver como somos diversos e como não há limites para nossa maneira de expressar-se. Gostaria de falar mais sobre, como dos meus amigos do Pará, com o português mais belo do país, mas esse blog é de textos curtos, não? Acrescento só que, por acaso, também sou esperantista - e uso a língua diariamente, especialmente na internet. A comunidade esperantista é mundial e não é fechada, basta ver os usuários no LiveMocha e no Lernu.net, sites de estudo de idiomas. Mas você tem razão: a divulgação não é geral e o esperanto não faz parte do lado óvio da cultura; normalmente, quem comenta sobre, baseado no óbvio enganoso, comete muitos erros sobre o esperanto. Te convido a estudar. Preconceito (especialmente linguístico) não faz parte do vocabulário do esperanto! ;)

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  4. Luciana, talvez possa te parecer 'um grupo muito fechado', pois afinal de contas o número de esperantistas ainda é muito reduzido. De qualquer forma, as redes sociais estão aí para mostrar aos não-esperantistas um pouco de esperanto, uma vez que muitos amigos,esperantistas, colocam/recebem mensagens ora em sua língua nacional, ora em esperanto e todo mundo acaba vendo... Visite meu blog bilíngue: www.cesardorneles1.blogspot.com

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  5. Prezada Luciana.
    Realmente o esperanto não é tão divulgado como nós desejamos, o movimento esperantista carece de empreendedores, nossa propaganda ainda é pequena apesar de que, de uns anos pra cá ela se tornou um tanto barulhenta, sabemos que é necessário mostrar o esperanto para a população de maneira atraente, mostrar que a língua é viva e usual. Estamos trabalhando nisso, cada um a seu modo.
    Quanto ao preconceito ao esperanto eu já sofri na pele, mesmo que você fale inglês e espanhol quando em seu currículo você também informa que fala esperanto imediatamente (ou na maioria das vezes) lhe perguntam ironicamente: - Isso é língua? Há aquela língua morta? Ué pra que você fala isso? A é aquela língua dos espíritos?
    Sei que na maioria das vezes isso não passa de ignorância, mas algumas vezes sentimos o sarcasmo nessas palavras.
    Já fui desafiado algumas vezes por pseudo-linguístas que se achavam os donos da verdade, aqueles que diziam que o esperanto não valia nada, ironicamente essas mesmas pessoas não sabiam se expressar direito nem ao menos em seu próprio idioma.
    Acredito que temos ferramentas para sanar esse preconceito, ao menos acredito que ela exista, é a informação, por isso eu e muitos outros falantes de esperanto pelo mundo afora não cansam de propagar, ensinar e elucidar a todos que se interessam sobre o que é o esperanto.
    Mi dankas vin.
    Obrigado.
    Pietro el Pouso Alegre - MG

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  6. Também sou esperantista (foi o Guilherme quem me passou este blog, Obrigado Guilherme), e também cheguei a ler o livreto "Preconceito Linguistico" de Bagno (você já deve ter lido, mas se não leu tá recomendado).
    Só quero dizer que sinto na pele o que você acaba de descrever. Sou santista, filho de mineiros (próximo à divisa com o RJ), com 5 anos de Florianópolis (onde fui influenciado não só pelo sotaque manezinho ou do planalto lageano, mas também inevitavelmente dos gaúchos). Ajuda, mais ainda, minha dicção que não é das melhores... E infelizmente sou julgado todos os dias, até minha sanidade e inteligência são julgadas por puro preconceito...

    Para acabar com tudo, minha namorada é colombiana. Já senti preconceito dos amigos delas ao ouvirem eu falar espanhol. Ora, o espanhol não é minha língua materna, é normal que eu pareça "menos safo" ao falá-lo... Mas aposto que se eu falar em português, a colombianada não aprende comigo nem a jogar rouba-monte.

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  7. Eu acho muito curioso quando alguém diz "Eu não tenho sotaque", só por não ter nenhuma das características mais famosas como o R retroflexo, o "leitE quentE dói nos dentE" da fronteira do RS ou qualquer outra coisa. Eu digo então que só não tem sotaque quem não fala!

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  8. Realmente, só não tem sotaque quem não fala"!!!
    E não vamos esquecer do preconceito da língua inglesa. Do preconceito de quem a tem como segunda língua com quem tbm a tem como segunda língua. Quanta gente eu vejo corrigindo os outros, porque esse T não ficou tão perfeito quanto deveria. Ora, se já é segunda língua, com certeza nunca vai soar como primeira!!!!

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