sábado, 5 de março de 2011

Obviamente

Ela começou de manso. Apareceu na minha frente como quem nada queria. Se fez de malvada e assim conseguiu minha atenção. Me cercou por todos os lados, preenchendo minhas brechas, animando minha fenda. Desse lado da história estão todas as horas que penso em ti. Que fico de quatro por ti. Que procuro a pronúncia perfeita, a palavra certeira, o olhar apontado a mim. Correndo pra te alcançar sem chegar nem a seus fragmentos. Literariamente, nem pretendo ler suas linhas. Nem espero seu consentimento. Te amo sem permissão.
Já sei que não há romantismo. Já entendi que não sabe ser gentil. Que tudo o que pensa de mim é obviamente dilacerante. Aprendi a viver com sua metade, com apenas uma parte, com quase migalhas. Mas te peço que não roube de mim o balançar de seus cabelos e o balbuciar de suas palavras.
Quando nada mais me resta ou me restar, ao menos terei sua simpatia rasgante. Essa simpatia que é quase boa.

3 comentários:

  1. Achei interessante. O pensamento do autor divaga levemente, sinal de maturidade. Se for seu , ta aprendendo. Parabéns.

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  2. Quem não consegue revelar apenas com palavras, se permite um gole de poesia!

    Lindo texto, lindo sentimento!


    Beijos Vermelhos, Amiga querida!

    Mi e ChicO!

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