terça-feira, 25 de setembro de 2012

Imoral

Passei a te olhar de uma maneira que posso tocar cada detalhe do seu corpo, cada pedaço, cada marca, de cima a baixo.
Sentir o cheiro que vem de você quando chora, quando ri, quando me ama.
Aquele aroma biológico, químico, metafísico que misturado ao meu, exala a mistura perfeita da paixão.
Eu aprendi a te tocar, te dar e tirar prazer de você, com você.
Aprendi a te meditar, parar e te ver na rua, no carro, no banho, na cama.
Consegui te beijar com o fechar dos meus olhos, te degustar com o lamber dos meus lábios.
Te alcancei ali tão perto, tão inteiro, tão para mim.


E então você dança, e canta, e balbucia um 'sim'.
Volta e revolta para me entontecer.
E desperta um coração tão tolo, tão sem mais nem porquês.
Você faz de graça, nem me ameaça, promete, cumpre e me agrada.
Eu sonho, desejo um beijo. Só mais um...
Seu beijo real diante de tanto sonhar.

Eu quero sua língua, sua linguagem, sua literatura,
todas elas envoltas em arte, de bandeja, de presente.
Espero sua chegada, seu término, seu caminho.
Me entrego ao seu chamado, seu gemido, suas palavras.
Fala ao pé do meu ouvido, à ponta do meu juízo, ao som do vai e vem dos nossos corpos.
De frente me namora com o olhar, com a alma, com o sexo.
Me ordena que deite, que deixe, que arrepie.
Permissão para tomar nas mãos meu ser infinito, aceso em brasa.
Me come aos poucos, saboreando o paladar íntimo da loucura.

Eu com você não pode ser.
Nós de mãos dadas, de peito rasgado, de coxa colada,
só servem para atordoar a moralidade, a ética e a paz.
Assim mesmo, me atiça, me anima e sem mais, sai de cena,
Me tortura de tal forma que esqueço a sensatez que me abandona.
Me abandona à sua sorte, à sua vontade.
Sem me questionar voa para longe.
E depois de muito tempo, as águas que te devolvem me saciam a pele, hidratam a alma, me banhando em contentamento.
Acredite, me seduz ao me olhar.
Você me consome o existir e o desejar.
Manipula meus atos, meus abraços e meu falar.

A rigidez dos músculos que contrai a vontade de se dar,
me alimenta o desejo de te pegar pelas pernas, pela nuca, pela boca.
Nu em meu peito, se esfrega no intenso mar de vontades doidas e proibidas.
Pede mais, me concede mais,
mais uma vez, outra vez, toda vez.

E o ato imoral peca por querer,
Concede o masturbar dos encontros.
Desobedece o bom costume.
E termina por gozar rente aos lábios, de frente, de quatro.
E em meio a tanto desejar,
sem mais palavras,
posso agora repousar no intenso ato de te amar.

2 comentários:

  1. Muito bem escrito, Lu!

    O tipo de post que provoca todos os sentidos - até os que a gente desconhece. Parabéns pela escrita!

    ResponderExcluir
  2. Alienando os sentidos, numa revolução de idéias e sensações que transitam entre o romântico, flerta com o pornográfico e vai morar na casa dos "fora de série" esse é um dos seus mais brilhantes texto!

    ResponderExcluir