sábado, 18 de setembro de 2010

...

Como é que pode acontecer assim?
Sem mais explicações,
sem nenhum aviso, sem marcas?


Você se aproximou com esse jeito de dominação.
Se zanga toda vez que questiono seu modo, seu jeito tão sem jeito,


É incrível como hoje não mais vivo.
Minha existência flui como um rastro dos seus passos.
Me movo na direção do seu olhar.
Sigo sua voz, buscando me proteger do fato de nunca te ter.


Me escondo nos prazeres de outros
que não mais me dão o gosto, o gozo, nem ao menos amor.


Agora sobrevivo.
À sombra do que você ensina,
às margens das suas leis.


E se pudesse escolher,
nem sei se pediria você por perto.
Tenho medo do seu desejo.


E ainda assim espero e conto o tempo,
Olhando para o dia que nos amaremos até descansar.


(Em si lêncio: "te amo mais que a mim")

Um comentário:

  1. A beleza "sempre" se mostra (melhor) na dor. É o que temos observado e vivenciado.

    Uma pena que tenha de ser assim. Mas nos dá uma dose de prazer ler a beleza da dor. O paradoxo é que é fantástico e instiga.


    A verdade é que para nós, sofrer parece o caminho, então o buscamos, ávidos de dor, para que daí, brote a poesia, o conflito, a literatura que nos é tão amiga, tão proxíma, tão íntima, tão reveladora. Veladora. Ela que somos nós.
    Escrever será isso para nós: doer.

    Outro dia lemos uma frase que agora não nos recorre o autor e dizia assim: "Dói, mas tem poesia!"

    Isso é bonito pra gente, pq se revelou verdadeiro. Assim o teu texto. Sabemos que o poeta é um fingidor, mas a verdade a que falamos não está no fato, mas no texto, que transcende...

    Beijos Vermelhos,

    Mi e ChicO.

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